sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Filme Holocausto Brasileiro

Oi gente, tudo bem?

Hoje venho com um filme documental, baseado em um livro de memorias, que esta na Netflix com aproximadamente 1h30min de duração. Pode conter SPOILERS.

Adaptação do livro homônimo escrito por Daniela Arbex, este é um retrato aprofundado e contundente sobre os eventos que ficaram conhecidos como Holocausto Brasileiro, ou seja, o grande genocídio cometido contra os pacientes psiquiátricos do hospício de Barbacena, em Minas Gerais, local onde os pacientes eram torturados, humilhados e assassinados.

Esse filme fala sobre a vida no Brasil, nos hospitais psiquiátricos durante a época da Segunda Guerra Mundial. O cenário principal por aqui, é um hospício em Barbacena Minas Gerais, onde eram levados todas as pessoas que davam problemas a outros, ou sabiam demais, ou a família os achava um fardo, por eles terem problemas físicos e mentais.

Não dá para acreditar que aqui no Brasil, existiu um regime escravista e desumano como na época que Hitler, comandava a Alemanha, como um ditador que se acha o Deus absoluto. Todo esse filme é um documentário de como era naquela época. Todos os dias chegava um trem, de pacientes no hospício, e o hospício nada mais é do que um depósito de pessoas descartadas na sociedade.

O antigo Sanatório era um hospital colônia. Todos que davam problemas na sociedade, eram descartadas como lixo no Hospital Psiquiátrico de Barbacena. Morria gente para caramba todos os dias, por conta da pouca alimentação diária que as pessoas tinham. Os médicos por lá escolhiam a dedo, quem recebia a medicação e quem não quisesse, era injetado a medicação à força.

Os pacientes eram tratados com eletrochoque, para tratar as crises que aconteciam diariamente. Tudo naquele lugar era desumano, apesar das enfermeiras tentarem melhorar as coisas. As crianças com alguma deficiência, também era descartada como um objeto que não se queria mais. As crianças eram usadas como experimentos científicos, que depois de motos São descartados.

As pessoas mais sensitivas que foram gravar o documentário no hospital colônia, se arrepiavam inteirinhos, por causa de tudo que já tinha acontecido lá dentro, já que de uma forma ou de outras paredes têm memória. A maioria das crianças, ficavam quietas lá em posição fetal. As crianças por lá, só queriam ser crianças e terem uma família feliz.

Os colchões do hospital onde ficavam os pacientes, eram feitos de pano com capim para dormir. As crianças que estavam lá acabaram parando no tempo, com as memórias por causa do abandono afetivo que sofriam dos Pais. Lá se morria muita gente, e eles faziam Covas coletivas para várias pessoas de uma vez. Assim como tudo era separado, tinha cemitério para doentes, os escravos, os negros e os brancos, todos os ricos ou pobres.

O cemitério do hospital Colonial foi desativado, e as pessoas que não viveram nessa época, passam por ali, e não tem ideia de que eram cemitério coletivo. Morreu mais de 60 pessoas de uma vez por conta do frio, e eles precisavam criar como se fosse uma câmera de gás, para não ter mais o cheiro da morte alí, eles eram cremados e depois de tudo isso, quando a família às vezes pediam para eles não serem cremados e os corpos eram enviados para estudo posterior na faculdade.

Os médicos usavam eles, como mão de obra sem direito a nada, só tendo a liberdade de sair um pouco das paredes do hospício. Tudo isso é mão de obra escravista pura e simples. Cada Pavilhão era ajudado na limpeza, com as enfermeiras pelas freiras do convento. Os pacientes, faziam muito trabalhos manuais para as freiras.

"A culpa é coletiva"

Foram mais de oito décadas de maus tratos, e condições desumanas e milhares de vítimas do hospital colônia. Tinha uma mulher que cuidava de seu filho sozinha, que foi separada dele porque não obedeceu as freiras, que também comandavam o local junto com as enfermeiras. Assim como tinha pessoas, que acabavam Deixando os seus filhos lá, porque não tinha escolha na vida, e outras eram obrigadas a deixar seu filho porque, não podia permanecer onde estava.

Alguns dos depoimentos retratados do filme, são dos filhos dessas mulheres do Hospital Psiquiátrico. Todas as pessoas que o mundo achava louca, acabava preso nesse hospício. Os pacientes do Hospital em silenciamento coletivo, aceitava participar das fotos e reportagens, para gritar ao mundo mesmo em silêncio "ainda estou viva".

Em 1973, quando o hospital era aberto, tinha dois mil pacientes no momento, mas não tinha médico direito e muito menos enfermeiras. Os pacientes não sabiam nem como eram seu rosto, pois lá não tinha espelho que as pessoas poderiam se ver. Depois da grande reforma na instituição, eles estabeleceram às residências terapêuticas para a melhora da vida dos pacientes.

Eles estão tentando fechar de vez o hospício, e transformar ele num hospital ambulatorial humanitário. Agora que o hospital colônia de Barbacena foi oficialmente fechado, os pacientes que sobraram foram colocados, em uma casa assistencial chamada "Os Abrigados",  todos eles colocados em uma única casa, cuidados diariamente por uma enfermeira que os adotou.

Esse filme foi feito, como um registro das atrocidades cometidas pela sociedade, como uma forma das vítimas serem lembradas, e nunca esquecidas. E também um tributo, aos sobreviventes que finalmente conseguiram romper o silêncio contando sua história.

Por enquanto é isso.

Volto em breve.

Atenciosamente, Thays.

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